NO INÍCIO DO MÊS

Casa Branca se reuniu com direção da Taurus para discutir tarifas

Encontro exclusivo discutiu impacto tarifário sobre preços da empresa, além das operações da Taurus no país

Casa Branca se reuniu com direção da Taurus para discutir tarifas

Foi com um otimismo evidente que os executivos da Taurus receberam, no início do mês, um convite de ninguém menos que a Casa Branca para uma reunião exclusiva, somente entre governo e a direção da empresa brasileira de armas.

Após meses de trabalho via lobbies contratados para discutir o tarifaço do presidente Donald Trump, era a hora de fazer contato “olho no olho” com o governo americano.

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No dia 3 de dezembro, enquanto o CEO Salesio Nuhs estava em voo, voltando de uma viagem à Turquia, onde a companhia negocia a aquisição de uma nova fábrica de armas para expandir seu portfólio militar, a chefe de gabinete de Trump, Susie Wiles, chamava a empresa para uma reunião on-line, a fim de discutir a questão tarifária. O nível da conversa subiu de andar.

Você ser recebido sozinho pela Casa Branca é uma deferência muito grande, mostra a importância que você tem para o governo americano“, diz Nuhs, a uma plateia de investidores no Taurus Investor Day, realizado em São Paulo, nesta quarta-feira (10), pela APIMEC (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil) na loja modelo da empresa, AMTT/SP.

O diretor de Novos Negócios, Eduardo Minghelli, que atua há mais de 30 anos na empresa, e o diretor de Qualidade e Engenharia, Leonardo Sesti, entraram em ação e atenderam ao convite, que contou também com a participação de um representante do governo, que cuida olha unicamente o setor de armas e munições.

The White House requests

O objetivo do governo Trump? Saber qual o impacto das tarifas sobre o preço de ‘armas de entrada’ no mercado, categoria que a Taurus domina nas terras ianques, especialmente nas pistolas abaixo de US$ 350 (R$ 1855).

Os americanos perguntaram sobre como as tarifas poderiam acarretar num aumento de preços para o mercado, pleito que a Taurus posicionou num segundo lobby feito pela empresa, junto a várias outras empresas de armas exportadores para os EUA. O argumento? De que as tarifas poderiam ferir a Segunda Emenda dos EUA, sobre o direito do povo de ‘manter e portar armas’. Aparentemente, funcionou.

Os funcionários do governo também teriam indagado sobre questões atreladas à produção da Taurus nos Estados Unidos, com sua fábrica no estado da Geórgia. A empresa gaúcha chegou a estruturas novas linhas de montagem no país e a contratar mais funcionário por lá.

Já a Taurus colocou, entre suas questões, perguntas sobre como, por exemplo, a Turquia —que tem fortes concorrentes da fabricante brasileira nas ‘armas de entrada’— tem uma taxa de 15%, sem nenhuma operação no país.

“Não podemos ser taxados como qualquer empresa fornecedora, temos uma fábrica lá (…) e não somos qualquer um, exportamos a 43 anos para os EUA”, argumenta o CEO.

Por fim, a conversa foi considerada importante pela Taurus, que prefere seguir sóbria e não projetar nenhuma decisão favorável ou desfavorável, já tendo um plano para o cenário de manutenção tarifária, a ser iniciado em meados janeiro, caso a taxação perdure até lá.

Trump aguarda decisão da Suprema Corte sobre tarifas, diz Casa Branca

Segundo a empresa, a Casa Branca teria afirmado que o presidente Trump, por ora, não deve decidir nada sobre o assunto, por conta de uma fator: a Suprema Corte americana. No caso, a mais alta instância do Judiciário do país está em vias de julgar a segunda onda de tarifas do governo.

O presidente americano então estaria à espera dessa resolução para tomar uma decisão em torno das tarifas. Até lá, a Taurus segue com o dedo no gatilho para mandar mais linhas de montagem.

“Numa eventual manutenção da tarifa, vou mandar a produção dos produtos que temos mais volume [de vendas], e fazer maiores investimento com apoio do governo da Geórgia”, diz. A empresa se reuniu com o governador George Kemp, em outubro. “Temos o compromisso do governo em olhar para nós”.

Porém, o Brasil segue como principal ator. “Isso seria feito sem perder aquela característica de nosso plano estratégico, que é manter no Brasil o nosso hub de distribuição, e o centro de tecnologia”.

“Manteríamos no Brasil a produção destinada ao mercado local e ao resto do mundo, visto que nosso país tem mais agilidade que os EUA para exportações. Esse é o grande desafio da Taurus. Se isso não ocorrer em janeiro, começamos a nos movimentar”.