Para treinamento

'Pela culatra': Munição mexicana falha em pistolas da PMESP

Munição foi comprada para treinamento, diz fonte; pregão foi alvo de disputa entre CBC e Aguila

Glock com munição Aguila
Fotos da Glock aberta com a munição sem culote circulam nas redes sociais junto a outras imagens (divulgação)

Imagens de uma pistola Glock aberta com uma munição sem culote (parte traseira de uma munição cônica) e de um cartucho aberto após supostamente falhar, viralizaram nessa semana entre grupos de policiais da PMESP (Polícia Militar do Estado de São Paulo).

Segundo fontes ouvidas pela portal, o fato teria ocorrido em algumas armas da instituição, que usaram munição Aguila Ammunition, fabricante mexicana do setor, com quem a PMESP fechou contrato em 2024 para o fornecimento de 2,5 milhões de munições.

O modelo utilizado é do tipo .40 S&W encamisado, vulgo ‘FMJ’ (Full Metal Jacket). Fotos que circulam nas redes sociais mostram o dano causado. Veja abaixo:

Aguila foi comprada para treinamento da PMESP, diz fonte

Segundo uma fonte a par do assunto, o lote foi adquirido pela força policial para treinamento, e teriam ocorrido ‘alguns casos’ de falha na deflagração dos cartuchos.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) foi contatada pelo THE GUN TRADE na última terça-feira (5), para esclarecer o caso, e não respondeu ao portal. O espaço segue aberto para manifestação.

A PMESP fechou a aquisição de 2,5 milhões de munições Aguila em setembro de 2024, por aproximadamente R$ 6,3 milhões.

Pregão de munição contou com forte disputa entre CBC e Aguila

Em 2023, a PMESP, por meio do CMB (Centro de Material Bélico), abriu licitação internacional para aquisição de milhões de munições de quatro calibres (incluindo duas variações do .40).

  • .40 S&W – JHP (Jacketed Hollow Point)
  • .40 S&W – FMJ (Full Metal Jacket)
  • 5,56×45 mm – SS109
  • 7,62×51 mm – M80
  • .338 Lapua Magnum

O processo, que adota protocolos do FBI e da IWBA para testes balísticos, gerou contestação da CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), que questionou parâmetros técnicos fixos de penetração, expansão e retenção de peso dos projéteis, alegando que a avaliação deveria considerar a média dos resultados devido a variações naturais entre lotes de fabricação.

A CBC também solicitou ajustes nos limites de penetração e na forma de medir velocidade dos projéteis, mudanças que já haviam sido aceitas pelo CMB em audiência pública, mas não constavam no edital publicado.

Reconhecendo o equívoco, a corporação acolheu a impugnação, determinou a republicação do edital com as especificações corrigidas e reabriu o prazo para envio de propostas.

Posteriormente, a CBC questionou a habilitação da Aguila, alegando que ela não comprovou capacidade técnica mínima exigida, apresentou laudos e documentos fiscais supostamente incompletos ou fora do prazo, e não identificou lotes nas amostras.

Já a Aguila acusou a CBC de entregar munições 7,62×51 mm fora do peso previsto, atrasar na entrega de documentos e descumprir prazos da sessão pública.

O pregoeiro analisou todos os argumentos e rejeitou as tentativas de desclassificação, aplicando o princípio do formalismo moderado para evitar exclusões por questões burocráticas que não comprometessem o interesse público.

Assim, manteve como vencedoras CBC (itens 1 e 4), Aguila (itens 2 e 3) e Norma Precision (item 5). A decisão destacou que o processo foi inédito para a PMESP, antes feita por contratação direta, e que todas as amostras aprovadas atenderam aos requisitos técnicos.